quinta-feira, 29 de novembro de 2012

III


Entrou em casa e fechou a porta atrás de si:
- Oh deus onde é que me fui meter? O que é que fui fazer? – Levou as mãos à cabeça enquanto se deixava escorregar até ficar sentada no chão.
O telemóvel toca, é uma sms dele:
“preciso de ti”
Eu também preciso, mas não significa que te possa ter, pensou ela. Decidiu ignorar a sms. Despiu-se e enfiou-se na banheira. A água quente iria com certeza ajudá-la a acalmar. Fechou os olhos e analisou calmamente o que se tinha passado nas últimas horas.
Felizmente tinha o fim-de-semana para se recompor e decidir qual a melhor postura a adotar na segunda-feira.
Novo toque do telemóvel, novo sms:
“Vais ignorar-me?”
Vou, se conseguir…pensou mais uma vez. Atirou o telemóvel para longe e mergulhou mais uma vez nos seus pensamentos.
O que é que queria verdadeiramente? Continuar com aquela tortura diária, querer muito tê-lo mas fugir permanentemente a isso mesmo. Ou por outro lado iria conseguir passar por cima do medo de se envolver com o próprio chefe e entregar-se à paixão.
Sentia o corpo latejar, estivera tão perto de ter aquele homem nos braços, e acobardara-se no último instante. Que estupida, pensou.
O telemóvel voltou a tocar. Saiu do banho para poder ler o sms:
“Não vou desistir…”
Isso era algo que ela sabia de antemão. Quis responder-lhe, dizer-lhe que era uma parva e que o queria na sua cama, que queria que ele a possui-se, a fizesse explodir de êxtase, mas não foi capaz. Era demasiado cobarde. Apesar disso sabia que mais tarde ou mais cedo acabaria por se entregar, era apenas uma questão de tempo.
“ Deixa-me ir ter contigo amanhã. Podemos conversar sobre o que se passou.”
Conversar? Não era definitivamente isso que lhe apetecia mas ainda assim acedeu.
“ Ok. Eu passo em tua casa então.”
Ia ser uma longa noite…
E de facto foi, mal conseguiu pregar olho, às sete da manhã desistiu de estar na cama. Levantou-se, tomou o pequeno-almoço, e vestiu-se. Sentou-se no sofá, em frente à televisão e esperou pacientemente.
O toque da campainha assustou-a, sentiu de imediato o coração bater a mil. Teve que fazer um certo esforço para se obrigar a levantar do sofá e ir abrir a porta.
Os momentos que se seguiram foram de pânico absoluto, apeteceu-lhe fugir dali, mas não tinha como fazê-lo, portanto decidiu por uma vez na vida ser uma mulherzinha, ganhar coragem e enfrentar aquilo tudo.
O elevador parou e lá de dentro saiu ele. Lindo e maravilhoso, como sempre. Era impressionante como a visão dele e do seu corpo a acalmaram de imediato. Naquele momento teve noção de que efectivamente não iria conseguir resistir se ele lhe voltasse a tocar com um dedo que fosse.
- Olá – disse-lhe ele a sorrir. Ela deixou-o entrar e guiou-o até à sala, sem dizer uma palavra. Indicou-lhe o sofá e serviu a ambos um copo de whisky. Ainda não era meio-dia mas que se lixe, pensou. Estava a precisar de se auto anestesiar antes que fizesse algum dispara-te.
Sentou-se por fim ao lado dele, e fez menção de ouvir o que ele tinha para dizer. Mas não o ouviu dizer nada. Ele limitou-se a colocar o copo em cima da mesa de apoio, fez o mesmo com o copo que ela tinha na mão. Reduziu a distância entre eles a escassos milímetros, e beijou-a violentamente.
Quando acabou estavam ambos sem folgo:
- Desculpa eu sei que vim aqui para conversar, mas simplesmente não consigo resistir.  – e quando acabou a frase voltou a beijá-la.
- Preciso de te ter tão desesperadamente – sussurrou-lhe ele entre beijos.
Beijou-lhe a boca, o pescoço, tomou-lhe os seios nas mãos. Sentiu as mãos dela percorreram-lhe as costas. Sabia que ela também o desejava, mas mesmo assim quis certificar-se que podia continuar:
- Queres parar? Porque se queres vais ter que me dizer agora, ou vai ser tarde de mais.
Ela não lhe respondeu. Viu-lhe o rosto transformado pelo desejo e as íris dilatadas. Voltou a beijá-la fervorosamente. Estava à beira da loucura e a urgência do desejo toldava-lhe todos os sentidos.
- Maria. – Gemeu, num pedido de resposta.
- Não pares por favor. Não pares.
Só teve tempo de lhe despir os calções a ela e abrir o fecho das calças dele. Penetrou-a então violentamente ali mesmo no sofá. Os corpos embriagados pelo desejo e suados movimentaram-se até por fim atingirem um clímax explosivo e inebriante.
Ele deixou-se ficar então enterrado nela, sem praticamente se poder mexer, enquanto a sentia acariciar-lhe os cabelos. Ele sabia que aquilo momento ia mudar tudo, agora que se tinham permitido perder-se um no outro.
As mudanças acarretavam porém um enorme risco para ambos.

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