quinta-feira, 25 de abril de 2019

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A Noite

Já meio anestesiada, de sentidos inebriados beijo-te. O toque dos nossos lábios, das nossas línguas, desperta em mim sensações, desejos infinitos. 

Sinto-me molhada, quente.

Enquanto te percorro o sexo sinto o meu próprio latejar. Como se na verdade me tocasse a mim. Quero tanto fazer-te vir, mas a cada toque é o meu próprio sexo que vibra.

O teu suspirar no meu ouvido eleva-me. Sinto-me à beira de um orgasmo. Assim. Enquanto te toco. E eu que achava não ser fisicamente possível.

Tocas-me também. Agarras-me os seios. Beija-los. Chupa-los. 

Uma onda de prazer percorre-me o corpo de uma ponta à outra.

Meio louca, sem saber como foi possível sentir aquilo, afasto-me.

Persegues-me. Despes-me a toalha que trago à cintura. Sinto os teus dedos em mim. 

As minhas costas arqueiam, suspiros involuntários saem. 

A quantidade de sensações... sinto-me várias vezes à beira do orgasmo sem nunca lá chegar.

Não quero que pares. Peço-te para não parares. É bom demais. Febril demais. Doentio demais. E venho-me uma e outra e outra e outra vez. Assim. Simplesmente assim. Sem mais nada.

O meu corpo treme abandonado no chão. Treme incessantemente. Rio-me meio louca. Os espasmos continuam como se tu própria continuasses a tocar-me. Mas não tocas. E venho-me ainda. Ali no chão. Abandonada. Enquanto me riu da situação. Da devassidão. Da perversão do momento.

Quero parar de tremer. Quero parar de me vir, mas não sei como. 

O corpo continua a responder a eventos passados. 

Sinto-me invadida. Meio humilhada. Meio subjugada a uma qualquer vontade autónoma, independentemente, do meu próprio corpo. Que como se se sentisse dono de si próprio continua a desfrutar daquele prazer. 

Olhas-me incrédula. Como se não acreditasses que alguém no mundo, pudesse, alguma vez, não ter sentido assim. Não se ter vindo, alguma vez, assim.

Ris-te. E o teu riso parece uma ofensa. Um desaforo.

Onde já se viu? Fazeres-me vir sem sequer me tocar e ainda te rires de mim.

Sinto-me envergonhada. Enfraquecida. Não nos quero enfrentar. E escondo-me. Desarmada por mim mesma e pelo meu prazer.

Tremo ainda. Se me tocasses podia vir-me outra vez. E quantas mais quisesses.

Afasto-me para um canto. Tento acalmar o êxtase que ainda me percorre. Tento mas não sei como. 

Tremo durante o que parecem horas. 

Exausta. Brutalmente embaraçada, visto-me. Não te quero olhar. Ainda te ris. Ris-te de mim. Da forma como me subjugaste e me prostraste no chão.

Não é justo.

Não sei o que fazer. O que dizer. Não te quero enfrentar.

E vou embora. Ainda a tremer. Ainda meio confusa. Incrédula. Descrente. Desarmada. Brutalmente invadida por ti. Vou embora daquela casa. Daquela sala. Daquele canto entre o sofá e a parede.  

No corpo levo os resquícios daqueles momentos de devassa insensatez. 

Levo-os gravados. Impossíveis de apagar. Porque ainda sinto os tremores percorrerem-me enquanto ando. Porque o me sexo ainda vibra. Porque ainda te ris de mim. Da minha fragilidade no chão da tua sala.

Apresso-me a entrar no carro. A procurar um lugar seguro. Onde possa libertar-me. Derramar-me mais. Para enfim descansar. O corpo. A alma. 

Mas não é possível. Simplesmente não é possível.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

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A Luísa

A Luisa era uma miúda castiça. Gostava de noites na rua e de cantar o fado.

Certo dia, enquanto descia alfama cantando as marchas de Lisboa, tropeçou, caiu e foi o Chico quem a apanhou.

Chico, rapaz alto, forte e espadaudo, porém gay, riu-se de tal infortúnio e convidou Luísa para jantar.

Ambos em casa de Chico, deliciando-se com o pasquim, ouvindo a Amália e bebendo vinho, acabaram na cama.

Não haveria problema, não fosse o namorado de Chico chegar a casa, no preciso momento, em que Luísa, munida de um strap on, penetrava violentamente o anus de Chico.

Ora, aquilo ofendeu de tal forma o Joaquim, que por entre lágrimas de tristeza e de raiva, pega em Luísa e a expulsa de casa vestida apenas com o dito cujo.

De peitinhos e rabo de fora, Luísa, sem saber como voltar para casa, já dizendo mal de sua vida decide tentar pedir por clemência. Que pelo menos lhe devolvessem as suas roupas.

Eis senão quando, por entre a parta que afinal estava aberta, vê Joaquim usando suas roupas e beijando Chico intensamente.

Não se conteve, desatou aos gritos e à estalada alvoroçando toda a vizinhança, que vendo situação de tal forma inusitada, decide chamar a polícia.

Acabaram os três na esquadra, com olhos negros, cabelos arrancados e faces arranhadas.

Depois dos interrogatórios e pagamentos de fianças voltaram para casa ainda desavindos.

Por entre insultos e gritos lá se resolveram.

O Chico prometeu não voltar a dar o cu a ninguém que não o Joaquim ou a Luísa, o Joaquim prometeu não voltar a usar a roupa da Luísa sem pedir autorização e a Luísa que era uma miúda castiça dada a grandes chavascais, prometeu voltar a casa de Chico, para beber, fumar e foder, que isto a vida é curta e há que aproveitar. 

Moral da história, se fores à janela e o céu estiver limpo é porque não vai chover.

domingo, 14 de abril de 2019

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Hoje

Hoje preciso que me deixes só. Só comigo própria. Só com a vida.

Para pensar em mim. Em nós. 

Hoje preciso que me fales baixinho. Ao ouvido. Para mais ninguém escutar.

Preciso que me digas que vai correr tudo bem. 

Porque hoje estou assim. Sem saber. Sem sentir. A sós com esta dorzinha incomoda que mói e remói. A sós com este vazio que trago cá dentro e que nada nem ninguém parece preencher.

Hoje preciso de paz. Do sossego dos dias. Da calidez das tardes de chuva. Da paz do rio ao fim da tarde.

Preciso de me encontrar. Preciso de te encontrar.

Porque hoje não sei de mim. Porque hoje não sei de nós. E tremo à minha ausência, à tua... que as saudades matam. Através de feridas profundas. Sérias. Fica-se assim, qual leproso à beira da gangrena. 

Hoje estou assim. Neste tédio profundo. Neste marasmo infinito, incessante. Do qual só poderei sair com um abraço teu, com um beijo teu. Mas não dá.

E vejo passar os minutos como uma extensão do tempo, as horas, e continuo aqui. Presa. Indefesa. Impotente. Incapaz de me arrancar a este estado depressivo em que me encontro. 

Tento, mas não sou capaz.

E fico. Fico mais um bocado. Pode ser que chegues.

Pode ser que chegues por fim e me fales baixinho. Ao ouvido. Que te deites ao meu lado e me abraces. Numa ternura sem fim. 

E ficamos. Neste quarto onde a vida pára. O mundo estagna. 

Ficamos a ver a Terra girar. Sozinha. Sem nós. Sem mais ninguém para a acompanhar.

Porque a vida pára quando estás aqui e tudo se ilumina. Tudo fica mais brilhante.

Até as flores já mortas, que jazem na jarra em cima da minha cómoda voltam à vida com a tua presença.

Mas hoje não estás aqui, nem amanhã, nem no dia seguinte.

E eu fico.

Fico a sós comigo.

Sem saber de mim.

Sem saber de nós.

Sozinha neste quarto branco. Estéril.

A ver passar a vida. Sem mais nada. Sem mais ninguém. Sem quereres, ambições ou motivações.

Sozinha. Imóvel. Serena. À espera de paz. Dilacerada pelo vazio.

Morta por dentro. Que as horas já não passam. Que os dias já não correm.

Já nada corre. Tudo parou. Sem ti. Tudo pára. Tudo morre. Tudo some. Tudo enlouquece.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

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20 minutos. 20 minutos são tudo o que preciso, para te sentir. Para te sentir assim, molhada. A tesão que me escorre por entre os dedos.
20 minutos e posso fazer-te vir, aqui mesmo. 
São só 20 minutos.
20 minutos por entre beijos. 20 minutos são tudo o que preciso para sentir a tua língua contra a minha. O teu corpo contra o meu. Os teus suspiros.
20 minutos em que és minha. Em que só penso no teu prazer.
São só 20 minutos. Aqueles 20 minutos.
20 minutos de gritos, de tremores que percorrem ambos os corpos.
20 minutos em que me beijas o pescoço, os seios. Em que te puxo mais para mim. 20 minutos em que as nossas peles se tocam. Suaves, como uma carícia numa noite de verão. Meio húmida.
São 20 minutos aqueles em que te escrevo.
São 20 minutos em que o meu sexo palpita a pensar no teu. Só 20 minutos.
20 minutos de tesão apenas, porque mais poderia causar danos irreversíveis na nossa saúde física e mental.
Foda-se mas que 20 minutos??? São horas que eu quero. Na cama. Nuas. Ofegantes. 
Cheias de delírios sem fim. 
Mas só temos 20 minutos. O tempo não espera. Não fica à nossa espera. E paro. Recuo. A custo. Indignada. Porque esses 20 minutos não chegam para mim.
Não os quero. Guarda-os para ti. Faz com eles o que quiseres.
Fá-lo longe de mim.



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Acho que me apaixonei. Apaixonei-me por ti. Por essa tua vida. Pela energia que transbordas.
Pela doçura que queres esconder, pela dualidade quase esquizofrénica que habita em ti.
Apaixonei-me pelos gestos, pelos toques. Pelos teus lábios. Pelo teu corpo. Por ti inteira.
E agora? Diz-me, e agora?
O que é que eu faço para te esquecer? Para me ter de volta só para mim. 
Não sei se te quero. Não sei se nos quero. Tenho medo, tenho muito medo do que vem aí. 
Quero que me deixes, que nos deixes. Pode ser? Achas que és capaz de me deixar ir?
De fingir que foi tudo um sonho?
Que não houve nada entre nós? Que não nos vimos? Achas? Por favor, diz-me que sim. Porque eu não posso. Eu já não posso viver assim. Sem mim.
Sem a parte que agora te pertence. Falta-me um pedaço, compreendes?
Não sei como deixei isto acontecer.
Como foi que me envolvi.
Se o que eu queria era um acaso. Um segundo. Um instante contigo. Breve, muito breve.
Vejo a vida a girar em círculos à minha volta. Espirais desconcertantes, que me envolvem, me enebriam e me fazem cair, porque me falta um pedaço. Aquele que levaste de mim.
Sem querer, na verdade. Acho que foi mesmo sem querer.
Que não querias nada de mim. Fui eu quem to deu. Assim, de mão beijada. Sem pedir nada em trocada. Sem segundas intenções. Sem pudores. Sem manias. Dei-te. Simplesmente.
Não sei que lhe fizeste. Onde o guardaste mas eu queria-o para mim. Queria-o de volta.
Podes devolvê-lo? Sim? Diz-me que sim. Que não o queres. Que não sou nada para ti.
Diz que te vais. Que não me queres mais. Que desistes de mim.
Diz que me achas parva, fútil, uma criança mimada sentada em birras num jardim.
Que não suportas o meu ar superior. Entediado. Presumido.
A minha falta de luz ou o escuro que trago em mim.
Diz que te vais para não mais voltar. Diz que te vais enfim. Liberta o pedaço de mim que é teu.
Deixa-o voltar para casa. Ou morrer pelo caminho.

Mas deixa-o. Liberta-o. Que eu já não suporto. Não posso mais viver assim.

sexta-feira, 22 de março de 2019

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Sinto que me estou a deixar envolver demais.
Aquilo que era suposto ser só uma brincadeira. Só uns beijos e sexo casual já se está a tornar em algo demasiado intenso. E não sei bem se é isso que quero.
Dá uma sensação de dejavu desgraçada e até já antevejo como é que isto vai acabar.
E também me lembro de há uns meses atrás ter jurado a mim própria que não deixaria que voltasse a sofrer daquela maneira.
É um terreno muito movediço este pelo qual caminho.
E dá-me um medo, um pânico terrível.
Sei que vou sofrer. Tenho perfeita noção disso. E ainda é tão início... 
Tenho que parar. Esfriar a cabeça. Ser forte.
Afinal só posso contar comigo mesma. Qualquer que seja a situação.
Tenho que ver as coisas como elas são. E assumir para mim mesmo aquilo que isto é. E o papel que desempenho aqui.
Sou um quebrador de rotina.
Um brinquedo novo. Que se usa durante uns tempos. Até tar estragado e se deita fora.
Enquanto for novo e brilhante está tudo bem.
Mas vai começar a perder a graça.
Vai começar a fartar. E depois. Depois outros brinquedos virão. E eu ficarei esquecida por aí.
Portanto tenho que pensar em mim.
Refrear-me. Dar um passo atrás e por tudo em perspetiva.
Se quero mesmo fazer isso não posso deixar envolver-me.
Tenho que me respeitar. Viver a minha vida como estava a vive-la. E aproveitar aquilo que isto tiver para me dar. Sem querer demais. Sem esperar demais. Sem pensar demais. Para que quando acabe fique tudo bem.
Para que não seja uma repetição do que aconteceu com o Pedro. Das noites passadas na almofada a chorar. Do marasmo que me assaltou quando o perdi. Daquela apatia doentia.
Tou a chegar a uma fase muito perigosa. Tenho que parar. Respirar. Viver. Chorar se for preciso. 
Porque é que me apetece chorar? 
Não sei... não devia apetecer pois não? Está tudo bem. Não tenho nenhum problema. Então porque é que isto me mete um medo desgraçado? Porque é que tem que ser assim?
Porque as pessoas complicam? Será isso? Será que estou a complicar? 
Se calhar estou a pensar um passo à frente. Se calhar é isso. Se calhar...
Calma. Respira.
És forte. Decidida. Independente.
Sempre conseguiste resolver tudo por ti própria.
Isto não é diferente.
Vive. Vive o momento. O agora.
Não vivas o amanhã. Não sofras por antecipação.

Relaxa que tudo vai correr bem. Lidarás com os problemas quando e se surgirem.

domingo, 17 de março de 2019

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Palavras, espaços, frases, momentos, imagens de uma noite percorrem a minha mente. Exaltam-me o peito.
O coração bomba golfadas de sangue por todo o corpo. Fervente. Em ondas de desejo.
Jogos de sentidos. Duas pessoas sentadas numa mesa à minha frente falam. Falam próximas. Poses de sedução. A forma do corpo sobre a cadeira. O enrolar do cabelo por entre os dedos. Olhares que nunca se soltam.
A luz fraca, vermelha, convida a uma certa proximidade. Inebria os sentidos e aproximam-se. Cada vez mais perto e mesmo ainda sem se tocarem, já numa dança envolvente.
O calor que emanam é desarmante, pleno de luxuria...sente-se no ar o desejo, os lábios tocam, abrem. Duas línguas envoltas. Coreografadas. Um beijo capaz de fazer perder a cabeça até a quem está de fora, apenas a assistir.
Seios são descobertos. Bocas precipitam-se sobre eles. Beijam, chupam,  mordiscam... devagar, sem pressas. Movimentos tediosos. E os corpos aproximam-se mais. Já meios nus.
Os seios tocam-se, enquanto os corpos se abraçam pelas cinturas. A bocas voltam uma à outra.
Mãos que descem, lenta. Muito lentamente. A um ritmo atordoante. Até que, por fim...dedos entram dentro de corpos quentes, já molhados, pulsantes. Num vai e vem sem fim, precipitam-se. O silêncio ensurdecedor é cortado por gemidos. Que se misturam, se envolvem no vermelho, no fumo dos cigarros, no eco desvairado, dilacerante da sala.
Já perto do fim, os corpos arqueiam em conjunto, como que numa simbiose de sentidos, de sensações. Um contudo, vem-se primeiro e nisto, descendo da cadeira obriga o outro a debruçar-se só para que assim o possa expor mais. Despi-lo mais.  Dedos voltam a entrar, e a massajar, e a percorrer...uma língua que entra dentro de um corpo escaldante para depois se mover em círculos cá fora.
O cheiro a sexo. O ambiente carregado. Gritos ensurdecedores fazem-se ouvir à medida que um novo orgasmo se aproxima.
E por fim, corpos exaustos, extasiados derretem-se novamente nas cadeiras. Ainda plenos de tesão. Prontos para recomeçar mas ainda assim sem fôlego esperam, impacientes, por mais prazer, por mais devassidão.

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O suor escorre-me pelas costas quando paro a passadeira.
Ao mesmo tempo que tento recuperar o fôlego, vejo-te, do outro lado da sala a puxar ferro.
Uma imagem de tal forma eletrizante que quando volto a mim estou a dirigir-me a ti, meia despida, a roupa espalhada pelo chão.
E sento-me no teu colo enquanto pousas os pesos.
Agarras-me pela cintura e as nossas bocas unem-se num beijo húmido, sensual. As línguas tocam-s.
Dançam a um ritmo inebriante.
Mordiscas o meu lábio e ris. Ris com aquele ar de quem sabe ser dono do mundo e de mim.
Agarras-me os seios túmidos, hirtos de desejo, mordes um deles.
Uma onda de prazer percorre o meu corpo, poderia vir-me ali. Sentada ao teu colo, tu com o meu seio na tua boca, mas espero. Quero prolongar o momento. Sentir cada toque, cada suspirar.
Sinto o teu membro pulsar contra o meu sexo. Ainda estás totalmente vestido.
Desço de ti, ajoelho-me, tiro-o para fora. A minha língua percorre-o lentamente e enfio-o na boca.
Vejo-te arquejar. Gemer.
Agarras-me a cabeça e pressiona-la mais contra ti, com força. Como se me quisesses penetrar até ao mais profundo do meu ser.
Quando finalmente me solto estou sem ar. Caída no chão. Meio abananada.
Pegas em mim, com um cuidado quase cálido e sentas-me novamente no teu colo.
Agarras-me as nádegas. Unes o teu sexo ao meu.
Sinto-o inchado, dentro de mim. Num vai e vem frenético. Procurando um climax, mas ao mesmo tempo retraindo-se. Também queres que dure.
- Vem-te para mim. - sussurras no meu ouvido.
- Não consigo...
- Porquê? - perguntas incrédulo.
- Porque preciso que me beijes aqui. - e ao mesmo tempo que aponto para o meu sexo, um misto de loucura e desejo percorrem- te o olhar.
Levantas-te ainda comigo ao colo. Deitas-me no banco. Sais de dentro de mim. Afastas-me as pernas e debruças-te.
A tua língua desenha círculos, círculos esse que me percorrem em ondas.
O meu corpo trémulo. Fraco. Cresce de desejo a um ritmo alucinante. Ouço-me gemer e por fim. Cai-o num abismo de perdição. De devassa loucura.
À medida que os espasmos acalmam levantas-te, diriges-te a mim e entras mais uma vez na minha boca. Fodes-me violentamente. E em breves segundos vens-te também. No meu peito, por entre gemidos de êxtase.
Sinto as minhas mãos apertarem os apoios laterais da passadeira e percebo que o nosso olhar se cruzou no espelho.
Coro e baixo a cabeça. Desço da máquina e afasto-me. O coração acelerado, o passo trémulo... talvez num outro dia, a uma outra hora, num outro lugar quem sabe se vou descer do alto de mim e foder contigo.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

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Retrospetiva dos últimos 4 anos e meio

Apaixonei-me.
Mantive uma relação durante 4 anos.
Ele deixou-me.
Fiz uma segunda licenciatura enquanto trabalhava.
Fui muito bem sucedida na licenciatura.
Iniciei um segundo mestrado.
Ainda continuo no mestrado.
Perdi um emprego.
Encontrei outro. Perdi-o também.
Encontrei o emprego com o qual sonhei durante anos.
Voei pela primeira vez de avião.
Fui ao Porto pela primeira vez.
Fui a muitos festivais de cinema.
Vi muitos filmes.
Li alguns livros.
Deixei de ver televisão. Passei a ver Youtube.
Viajei para fora do país em trabalho. Fui sozinha. Foi uma bela aventura.
Deixei de ler blogs.  Voltei e lê-los.
Fiz novos amigos. Esses novos amigos desapareceram. Outros ainda se mantêm.
Adoeci. Curei-me.
Cozinhei, comi, bebi, fumei, dancei.
Ri muito. Cantei muito. Chorei, mas menos.
Cresci. Vivi.
Sonhei com o futuro. Fiz planos para o futuro. Esses planos morreram.



quarta-feira, 18 de julho de 2018

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Não escrevo neste blog há sensivelmente, 4 anos e meio...como é que de repente passou tanto tempo, se ainda ontem estava a escrever no braço do meu colega de trabalho, a tirar fotos e a postar aqui?
O tempo durante o qual aqui não escrevi, foi também o tempo durante o qual não voltei a este blog. A esta minha casa, porque no fundo, este espaço ouviu as minhas dores, riu-se das minhas parvoíces, delirou com os meus devaneios mais arrojados...e eu abandonei-o, assim, sem dó nem piedade.
Abandonei-o porque na minha vida apareceu outro alguém, um alguém de carne e osso, que me quis, que me desejou, que me amou muito, mas que foi embora.
Agora que ele abalou eu volto aqui, para carpir as minhas mágoas ao mundo. Escreve-las para que ninguém em particular as leia, mas para que fiquem registadas. Para amanhã poder rele-las. Para pensar que a dor de perder alguém, seja ele quem for e de que forma for é sempre igual.
Porque perdida na leitura de algumas coisas que aqui escrevi, percebi que seriam hoje tão atuais, como um dia foram.
E é triste. É triste porque pensei que não voltaria a este ponto. Pensei que já tinha sofrido tudo, que tinha encontrado o amor verdadeiro, aquele das novelas e dos livros, aquele que nos faz saltar o coração. Que nos provoca um friozinho na barriga, mas ao mesmo tempo nos envolve numa estabilidade e calmaria bestiais. Mas não. Não encontrei.
Ele foi embora. Por culpa minha é certo. Mas foi. E eu...eu perdi o sentido da vida. O sentido dos dias que passam. Mas isso é uma história para outros posts.
Só queria avisar que voltei. Voltei por tempo indeterminado. Voltei porque preciso de abrigo, da compreensão de quem não me lê, do alivio que a escrita provoca.

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