quinta-feira, 4 de abril de 2019

Acho que me apaixonei. Apaixonei-me por ti. Por essa tua vida. Pela energia que transbordas.
Pela doçura que queres esconder, pela dualidade quase esquizofrénica que habita em ti.
Apaixonei-me pelos gestos, pelos toques. Pelos teus lábios. Pelo teu corpo. Por ti inteira.
E agora? Diz-me, e agora?
O que é que eu faço para te esquecer? Para me ter de volta só para mim. 
Não sei se te quero. Não sei se nos quero. Tenho medo, tenho muito medo do que vem aí. 
Quero que me deixes, que nos deixes. Pode ser? Achas que és capaz de me deixar ir?
De fingir que foi tudo um sonho?
Que não houve nada entre nós? Que não nos vimos? Achas? Por favor, diz-me que sim. Porque eu não posso. Eu já não posso viver assim. Sem mim.
Sem a parte que agora te pertence. Falta-me um pedaço, compreendes?
Não sei como deixei isto acontecer.
Como foi que me envolvi.
Se o que eu queria era um acaso. Um segundo. Um instante contigo. Breve, muito breve.
Vejo a vida a girar em círculos à minha volta. Espirais desconcertantes, que me envolvem, me enebriam e me fazem cair, porque me falta um pedaço. Aquele que levaste de mim.
Sem querer, na verdade. Acho que foi mesmo sem querer.
Que não querias nada de mim. Fui eu quem to deu. Assim, de mão beijada. Sem pedir nada em trocada. Sem segundas intenções. Sem pudores. Sem manias. Dei-te. Simplesmente.
Não sei que lhe fizeste. Onde o guardaste mas eu queria-o para mim. Queria-o de volta.
Podes devolvê-lo? Sim? Diz-me que sim. Que não o queres. Que não sou nada para ti.
Diz que te vais. Que não me queres mais. Que desistes de mim.
Diz que me achas parva, fútil, uma criança mimada sentada em birras num jardim.
Que não suportas o meu ar superior. Entediado. Presumido.
A minha falta de luz ou o escuro que trago em mim.
Diz que te vais para não mais voltar. Diz que te vais enfim. Liberta o pedaço de mim que é teu.
Deixa-o voltar para casa. Ou morrer pelo caminho.

Mas deixa-o. Liberta-o. Que eu já não suporto. Não posso mais viver assim.

0 comentários:

Web Analytics